PSOE vence eleições espanholas e resultado repercute nas redes sociais

Especialista comenta o uso da internet no pleito

Da Espanha, Flavia Mota, Izabelly Lira e Maria Clara Braga

O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) venceu as Eleições Gerais da Espanha no dia 28 de abril, liderado por Pedro Sanchéz. O pleito de 2019 no país teve o objetivo de eleger os membros da 13° Cortes Gerais do Reino da Espanha, obtendo grande repercussão nas redes sociais e nos maiores meios de comunicação espanhóis.

“A política não pode mais ser dissociada da Internet”, afirma o jornalista político Xavier Ginesta. De acordo com ele, todos os candidatos tiveram participação nas redes sociais durante a campanha e após o resultado. O especialista destaca, neste caso, a capacidade dos políticos de incitar massas que respondem a mensagens pouco sofisticadas, principalmente no Twitter.

A estudante catalana Gina Roquer afirma que as redes sociais normalmente já causam impacto em eventos dessa magnitude, mas ao se considerar a situação instável da Espanha, o efeito foi perceptível: “Não é que os resultados que saíram foram influenciados pelas redes sociais, mas é verdade que foi publicado conteúdo ofensivo e engraçado que poderia posicionar mais a população”, relata.

Nos meios de comunicação, houve mudança na repercussão entre as eleições de 2016 e a deste ano. Segundo Ginesta, isto ocorreu porque os quatro candidatos com mais representação no Congresso se enfrentaram em dois debates eleitorais televisionados em grandes emissoras espanholas neste ano. O especialista afirma que todos os partidos praticaram e foram alvos de fake news: “foi uma campanha muito mal sucedida, com pouco debate e muita raiva”.

Resultado das eleições

O PSOE venceu com 28,8% dos votos e elegeu 123 deputados. Ainda assim, os socialistas não alcançaram a maioria absoluta dos votos, portanto são obrigados a organizar uma negociação com outros partidos para formar Governo. O Vox, partido de extrema-direita, conseguiu 2,67 milhões de votos e a eleição de 24 deputados.

O fato de que tem havido uma divisão do direito de voto entre três partidos, permitiu que o PSOE se mantivesse presente nas províncias onde há menos votos a serem contabilizados, graças a uma lei eleitoral que beneficia as opções ideológicas de pessoas com menos informação, explica o jornalista político Xavier Ginesta.

“Poderíamos falar de um momento de pouco progresso na política deste país e que tende mais a retroceder”, afirma a estudante Gina Roquer sobre o resultado das eleições. A catalana entende que não há uma colaboração clara e respeitável dentro do Congresso e isso causa considerável instabilidade dentro do governo.

O Comunicare produziu um gráfico com os dados do resultado das eleições, apresentando quantos deputados foram eleitos em cada partido político:

Sistema político espanhol

A Espanha tem um sistema parlamentar, isso significa que o primeiro-ministro é eleito pelo Parlamento. Um membro do Parlamento é bicameral e eleito pelos senadores de direita diretamente em cada uma das comunidades autônomas.

O Senado conta com 266 políticos, mas não tem poderes na eleição do primeiro-ministro. É uma câmara dupla proficiente em leitura e regiões territoriais. De acordo com o jornalista político Xavier Ginesta, isso tem relação com a aplicação do artigo 155 da Constituição Espanhola, que permite ao governo central intervir diretamente em um governo autônomo se acontecer alguma fraude no mandato constitucional: “foi o que aconteceu na Catalunha em 28 de outubro de 2017, depois que o Parlamento catalão aprovou a declaração unilateral de independência”, afirma. Foi o que aconteceu em outubro de 2018, depois que o Parlamento da Catalunha aprovou a declaração unilateral de independência do estado.